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[RESENHA] Pachinko


Olá, leitores!

Páginas: 528 | Autora: Min Jin Lee | Editora: Intrínseca | Ano: 2020 | Gênero: Romance, Ficção | Classificação Indicativa: +14 | Tradução: Marina Vargas

Devido aos inúmeros elogios tanto ao dorama lançado em 2022, fiquei bem interessada pela leitura do livro até finalmente conseguir tê-lo em mãos. Fiquei surpresa pelo tamanho, já que não esperava um calhamaço de mais de quinhentas páginas e ao ler a sinopse, imaginei que seria uma leitura bem lenta, apesar de proveitosa, então quando me vi devorando as páginas, percebi que apesar do tamanho do livro, seria uma leitura bem rápida. 

A história falhou conosco, mas não importa.

Pachinko narra a história de uma família e do impacto que algumas escolhas podem causar em gerações futuras. Por mais que o foco seja em Sunja, acompanhamos a trajetória difícil de toda a sua família. Ambientada em uma Coreia no incío de 1900, conhecemos Sunja. Com pais amorosos, sempre teve uma conexão maior com o pai, Hoonie, um homem de lábio leporino e com problema na perna que afetava o seu caminhar mas que era muito querido na região, apesar de sua aparência não ser algo bem visto, principalmente para a época em que viviam. Sua mãe casou-se jovem com ele e ambos tinham um casamento feliz tendo apenas Sunja como filha, já que nenhuma das gestações anteriores teve sucesso.

Quando Hoonie morre durante a adolescência de Sunja devido a uma tuberculose, a garota tímida se fecha para o mundo. Sua vida muda quando conhece no porto um homem rico e muito misterioso chamado Koh Hansu, por quem se apaixona perdidamente. Ao se entregar apaixonadamente para ele, algo surge do ato e Sunja se vê grávida aos dezesseis anos. Hansu, apesar de feliz, lhe diz que é casado e tem três filhas no Japão, o que faz com que ela não apenas se sinta extremamente traída e usada, como também faz com que se afaste dele mesmo com as suas propostas de união estável mas não perante a lei, afinal, ele queria mantê-la junto de seu filho na Coreia e continuar com a esposa no Japão. Apesar dele lhe oferecer uma vida estável financeiramente, ela se negou a seguir como amante.

Seu pai a ensinara a não julgar as pessoas por coisas tão superficiais: as roupas e as posses de um homem não diziam nada a respeito de seu coração e seu caráter.


Com a reputação da sua família em jogo, Sunja aceita se casar com Baek Isak, um jovem pastor de saúde frágil que um dia visita e se hospeda na pequena pousada de sua família. Isak aparenta ser um bom homem e promete fazer o máximo possível para prover o melhor para Sunja e seu filho. É então que o jovem casal parte rumo ao Japão, iniciando a jornada de Sunja, sua família e os resultados de suas escolhas quando jovem.

O novo lar não é tão amável quanto se espera. A família Baek a trata muito bem, tanto seu cunhado Yoseb quanto a sua esposa são boas pessoas e ela se sente em casa, ajudando os dois enquanto o marido trabalha. Apesar do início do relacionamento ter sido algo arranjado, ambos passam a nutrir amor um pelo outro. Mas o Japão em meio à guerra é um lugar hostil com estrangeiros, principalmente coreanos, e sobreviver em tal cenário é um desafio para todos os personagens. 


Com sua aparência, podia abordar qualquer japonês e ser recebido com um sorriso educado, mas a boa vontade desaparecia assim que ele abria a boca. Afinal, ele era coreano, e, por mais encantadora que fosse sua personalidade, infelizmente pertencia a uma raça ardilosa e sorrateira.


Pachinko é sobre mulheres fortes e sacrifícios, do início ao fim. Desde Yungjin, a mãe de Sunja, até Kyunghee, sua cunhada. Cada uma delas batalha arduamente pela família e por seus maridos, sendo os pilares que evitam que tudo desmorone. A partir do momento em que percebe a traição de Koh Hansu e se descobre grávida e sozinha, o amadurecimento de Sunja é imenso. Esse livro me despertou diversas emoções enquanto eu lia, me deixando realmente tocada pelas experiências difíceis que a protagonista passou. 

Protestar era para homens jovens e sem família.


Intolerância, xenofobia, tortura, violência, fé, miséria, muita fome... Pachinko é um livro forte que vai mexer até com o leitor mais sensível, nos levando para uma Coreia em tempos difíceis e mostrando o quão difícil pode ser apenas viver, já que passa desde a invasão japonesa à Coreia, até os impactos disso durante a Segunda Guerra Mundial e posteriormente. A narrativa passa dos pais de Sunja, para ela, seus filhos Noa (fruto da relação com Koh Hansu) e Mozasu (fruto de seu casamento com Isak) e seu neto Solomon, assim como pelas vidas de pessoas que passam a fazer parte da sua, como Isak, seu irmão Yoseb, Kyunghee e até mesmo o detestável Koh Hansu.

Isak sabia como falar com as pessoas, fazer perguntas e ouvir as preocupações alheias; Sunja parecia saber como sobreviver, e isso era algo que ele nem sempre sabia como fazer.


Foi uma leitura forte que me surpreendeu tanto e tão positivamente, que mexeu comigo e, admito, me tirou algumas lágrimas e sorrisos. Ver como Sunja não se deixava abater, mantinha a cabeça erguida e corria atrás, batalhando por sua família foi incrível e ao mesmo tempo muito triste. Em diversos momentos, tudo o que eu queria era abraçá-la, não apenas ela mas todos os outros personagens, já que mesmo nem sempre eles sendo bons moços, eram reais e com atitudes condizentes à realidade triste e  complicada em que estavam inseridos.

O significado do nome Pachinko não é entregue de primeira, mas quando finalmente entendemos, faz todo o sentido. Pachinko é o nome dado a máquinas de caça-níquel que fizeram sucesso no Japão e servem como analogia para a história da família que é narrada, que se conecta grandemente com tais locais. 

Então salve sua própria pele: era nisso que os coreanos acreditavam intimamente. Salve sua família. Encha sua barriga. Fique atento e seja cético em relação às pessoas que estão comendo. Se os nacionalistas coreanos não conseguirem recuperar seu país, deixe que seus filhos aprendam japonês e tente seguir adiante. Adapte-se. Não era simples assim? Para cada patriota lutando por uma Coreia livre, ou para cada coreano desgraçado lutando em nome do Japão, havia dez mil compatriotas no país e em outros lugares que estavam apenas tentando colocar um prato de comida na mesa. No fim das contas, o estômago era seu imperador.


É triste perceber que, mesmo sendo uma obra de ficção, Pachinko não é tão diferente de muitas realidades pelo mundo. Acompanhar a jornada da Sunja adolescente, mãe e avó é agridoce mas enriquecedor. A narrativa, mesmo tratando de um tema tão delicado, é fluida e não senti barrigas enquanto lia. Amei tanto a leitura que poderia ficar muito mais tempo por aqui falando sobre. Leitura mais do que indicada, a primeira 5 estrelas de 2024. 

Viver todos os dias na presença daqueles que se recusam a reconhecer sua humanidade exige muita coragem.



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Um comentário:

  1. Oi, tudo bem? Parece-me uma obra incrível, né? Que bom que curtiu o livro. Abraço!



    https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/

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