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[RESENHA] O Priorado da Laranjeira


Olá, leitores!

Páginas: 544 e 536 | Autora: Samantha Shannon | Editora: Plataforma21 | Ano: 2022 | Gênero: Fantasia | Tradução: Alexandre Boide | Classificação indicativa: +16

O Priorado da Laranjeira chegou ao Brasil em 2022 e embora seja originalmente um livro de fantasia em volume único, a editora resolveu dividir em dois tomos. Não são como sequências, tendo a ideia de histórias diferentes. São realmente o mesmo volume, com quase 1000 páginas, separados em dois livros de pouco mais de 500. Pode soar confuso, mas eu recomendo interpretar como uma história só.

Fazia um tempo que eu não começava uma alta fantasia enorme. Tenho algumas séries em andamento, mas entrar em um universo novo é sempre uma sensação única de descobrimento. Em O Priorado da Laranjeira, há três narrações: com Niclays, Ead e Tané. A mais interessante, para mim, foi Ead, já que tem um ponto de vista mais chamativo. Os outros, só ficam mais cativantes com o tempo.

A ambientação do cenário faz o leitor especular bastante. Há dragões na capa, e por dentro o mapa é bastante rico. Acontece que a mitologia e mundo criado é imenso. A história tem detalhes incontestáveis, que só a leitura vai gerar familiaridade e aliviar o peso da estranheza do universo. Há muito tempo atrás, uma grande criatura dragônica conhecida como Inominável foi derrotada. Tudo a respeito do acontecimento gerou características importantes do que conhecem hoje, mas não só isso. As informações divergiram também, e enquanto no leste, Tané é treinada para ser uma montadora de dragão como sendo uma honraria por serem divinos, no oeste seguem diretrizes diferentes, e dragões são vistos como o mesmo monstro que os assolou séculos atrás.


Existe um Ventre de Fogo que arde sob este mundo [...] Mais de mil anos atrás, o magma dentro dele de repente se uniu, criando uma fera de magnitude indescritível, da mesma forma que uma espada assume seu formato dentro da forja. Seu leite era o fogo dentro do Ventre; sua sede era impossível de aplacar. Ele bebeu até seu próprio coração virar uma fornalha.

Apesar disso, tem fundamento toda essa ideia. Os dragões do leste parecem, na mais básica fisionomia, com os wyvern. Mas enquanto os vilões, wyvern, são seres do fogo, com asas e alguns detalhes diferentes, os dragões venerados do leste são seres da água que não tem asas e voam seguindo outras leis. Ainda assim, as pessoas do oeste seguem uma religião mais firme, criada pelo homem que derrotou o terrível Inominável há tanto tempo atrás e não possui laços com o leste.

Ead é dama na corte da Rainha Sabran no oeste enviada pelo Priorado da Laranjeira para proteger a rainha. A personagem é do sul, seguindo também caminhos e verdades diferentes do leste e oeste. Mas para ela, o dever precisa ser cumprido. Ead tem o tipo de narrativa mais atrativa, porque está na corte infiltrada e ninguém sabe quem ela realmente é. A personagem é uma mulher forte e determinada. No leste, Tané narra ocasionalmente, e apesar de ter detalhes importantes para mover a narrativa, torcia para seu ponto de vista passar rápido. Mas embora tenha sido assim no início, quem me tirou do sério foi Niclays, um personagem exilado pela rainha Sabran, que não é um vilão, mas não consegui simpatizar com ele.

O universo é bastante rico, sendo necessário paciência para se acostumar com a história. Acredito que por conta disso que a trama demora um pouco para seguir o rumo principal. Agora que já dei uma ideia de como visualizar como tudo funciona, vou falar da história por cada tomo, para passar uma noção de como cada um foi.

No primeiro volume, a história passa por bastante páginas introdutórias. Basicamente acompanhamos Ead na corte, presenciando pequenas alfinetadas e se aproximando de Sabran. A proposta inicial promete um romance sáfico, mas isso demora para acontecer, sendo sutil e secundário. Com os outros personagens, acompanhamos tanto ascensão quanto o início de declínios. A autora não poupa detalhes, se é para construir uma narrativa com acontecimentos que moldarão os personagens preparando-os para os momentos decisivos, a autora o faz com precisão.

É somente nas últimas páginas do primeiro livro que você realmente vai visualizar um possível resultado final de tudo. Os protagonistas tem um ótimo preparo, e a autora tem um objetivo concreto. Algo que não deixei de notar, é como a autora não poupa personagens. Algumas mortes eu nem consegui acreditar, porque achei que mereciam mais. Embora tenha pensado isso, entendo que são muitos desenvolvimentos a considerar e cada pedacinho faz parte de algo maior. O primeiro volume termina em um momento crítico, mas não com um final, por isso recomendo ter o próximo em mãos e engatar logo para não deixar a história esfriar.


Na sequência, o clima é mais urgente e a leitura flui com mais rapidez. Os protagonistas já tiveram seus preparativos, e o que falta agora é concluir a missão principal. Ao entender a raiz da mitologia, o universo fica ainda mais interessante. Fiquei bons dias pensando em tudo porque é preciso tempo para absorver a enormidade do que a trama oferece.

Cada lugar tem uma própria realidade, mas para a missão principal, a ameaça do retorno do Inominável, é necessário que as forças de vários lugares se unam. E estamos falando de séculos de desavenças, crenças completamente enredadas em mentiras, e governantes com orgulho. De repente esses encontros ficarão mais instáveis. E também há a conexão entre cada personagem nos vários lugares do mundo, que não tem nada a ver uns com os outros, finalmente se encaixando. A sensação é de tirar o fôlego.

A sensação perdura também com o romance. É sutil, mas quando você notar, já vai estar tão envolvido, que vai adorar as migalhas. As personagens possuem responsabilidades distintas, e fica um sentimento de amor impossível implícito. A história passa bem rápido. A única dificuldade real é se tratando de se acostumar com esse universo, mas meu conselho é não perder nada, ter atenção e paciência. A leitura possui descrições na medida certa. Encontrei todos os elementos que gosto em uma alta fantasia nessa história.

É diferente encontrar uma história tão imensa que finaliza em apenas um volume (ou dois, como foi para a gente, aqui no Brasil). Mas o universo tem potencial para mais, por isso fico bem curiosa com o novo anuncio da autora, um lançamento do mesmo universo chamado Um dia de céu noturno, passado séculos antes dessa história. Como é um mundo riquíssimo, as possibilidades são diversas e acredito que valha a pena conferir para quem também sentiu ou vai sentir falta depois de finalizar O Priorado da Laranjeira.

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