[RESENHA] Lendário [livro #2]

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Caraval vol. 1

Depois de terminar Caraval, tive uma opinião formada sobre a maioria dos personagens e já tinha noção do que queria que acontecesse e o que esperar dessa sequência. Algo que me fez gostar menos de Caraval foi a narração de Scarlett, sendo que sua irmã também era super interessante, se não mais. A protagonista acaba sendo ingênua demais, levada por decisões errôneas e sem pensar. Mas tinha entendido todo o contexto apesar disso.

Em Lendário, a narração é por conta de Donatella, irmã de Scarlett, nossa narradora anterior (imaginem minha surpresa e alegria com essa mudança). O livro todo é apenas com essa narração e não poderia ser melhor. O próximo Caraval irá acontecer antes do esperado em Valenda, nos dias que antecedem ao dia de Elantine, a Imperatriz.

Donatella ainda precisa pagar o que deve ao estranho que lhe deu a oportunidade de se livrar do pai, e vai ao encontro dele junto com a caravana dos atores. Ela cogita participar do próximo Caraval quando novas informações vem à tona. Nos dias que virão, Tella fica mais próxima de Dante, o ator que fez parte do Caraval anterior. Ambos possuem desejos mútuos, mas a irritação entre eles leva a melhor. A troca de farpas perdura por boa parte do livro antes sequer cogitarem ceder.

Em comparação com o livro anterior, gostei mais da protagonista desse. Scarlett ainda aparece aqui e acolá, mas sem ter importância primordial para o objetivo final. Isso ofusca bastante a personagem e me fez sentir falta dela. Julian, que foi uma peça importante no volume 1, acaba sendo visto ainda menos que Scarlett e na maioria das vezes com ela. Isso me fez pensar se sua participação teria relevância apenas para agregar o desenvolvimento de seu interesse amoroso.

Já este Caraval, me deixou encantada com os novos ares. O novo prêmio para o vencedor do jogo é uma parte importante para Tella, que pretende ajudar a mãe perdida. Já conhecendo alguns truques que o ambiente oferece, pude confirmar minha ideia de que o Caraval não é um somente jogo de resolução de mistérios, é uma performance para abalar psicologicamente e emocionalmente o participante. Para as nossas protagonistas, o jogo se torna pessoal, por isso fica bem próximo de suas ações soarem desesperadas.

Gostei bem mais de Tella guiando o leitor pelo jogo porque suas escolhas são mais ousadas e com menos hesitação. Seus pensamentos soam mais críticos, e embora tenha em jogo muitas áreas de sua vida, ela sempre opta pela parte mais lógica, mesmo diante da perspectiva de sacrificar algo importante. No romance, a personagem tem abordagem diferente também. Ela não está em busca de um pretendente, mas não consegue ficar longe do irritante Dante, o que eu adorei. Eles parecem ser feitos da mesma matéria, com aquela tensão gritante a cada frase trocada.

Lendário apresenta muitas facetas reveladoras, como Jacks, um personagem novo na história, que chega tomando palco, exalando mistério, mas não deixando de ser sedutor. Ainda que eu tenha terminado o livro, não decidi se realmente o detesto. Ele parece mais um vilão do que qualquer coisa, mas é do tipo cativante que, se você for a fundo em sua história, não conseguirá odiá-lo.

O livro me deixou mais vidrada na história que o anterior. Muitos fatores contribuíram para este resultado, inclusive a familiaridade que já tenho com o universo. Alguns mistérios foram deixados para serem resolvidos bem no finalzinho, enquanto outros só vão ser melhores destrinchados no próximo, eu espero. O terceiro livro será o último e ainda não tenho ideia de como será o final disso. Tenho medo e curiosidade de descobrir, mas vai ser inevitável ler.