[RESENHA] As Bruxas Mayfair: A Hora das Bruxas [livros #1 e #2]

Olá, leitores!

Páginas: 992 | Autora: Anne Rice | Editora: Rocco | Ano: 1994 | Gênero: Ficção paranormal, ficção histórica | Tradução: Waldéa Barcellos | Classificação indicativa: +18

Anne Rice sempre foi uma autora que me deixou curiosa sobre suas obras. Comecei lendo Entrevista com o vampiro e A Hora das Bruxas já estava na minha lista. Depois de ganhar a edição com os dois livros em um só, me senti no dever de finalmente conhecer essa história. Mesmo tendo familiaridade com a escrita da autora, embarcar nessa nova história foi um desafio com várias surpresas.

O livro tem início com a narrativa intrigante de relatos sobre a família Mayfair. Entretanto, não chega a ser tão profundo quanto será no decorrer da duologia. A família Mayfair é destacada principalmente por suas mulheres terem algo de sobrenatural, constantemente sendo chamadas de bruxas, e acompanhadas por alguma criatura sobrenatural. Esses relatos aos poucos vão moldando a introdução da história, mas logo segue para Rowan, a última descendente direta das mulheres Mayfair, que foi adotada por uma parente da família, enquanto sua mãe biológica segue incapacitada.

Rowan atualmente é uma neurocirurgiã brilhante, mas não tem contato algum com a cidade da sua família biológica, Nova Orleans, nem com seus parentes diretos. O livro também segue Michael, que cresceu em Nova Orleans, tendo certa proximidade da família Mayfair, e sempre viu um tipo de aparição próximo da casa delas. Michael acabou tendo uma experiência de quase morte e é resgatado por Rowan. Depois desse ocorrido, ele começa a ter alguns dons sobrenaturais, e passa um tempo recluso, determinado a saber o que realmente aconteceu enquanto esteve morto, e mais sobre a mulher que o resgatou.

Uma boa parte do primeiro livro é bastante introdutório, reservando boas páginas para descrever o ambiente ao redor da casa da família Mayfair, sem tanto foco nos protagonistas Rowan e Michael, e com relatos sobre pessoas da cidade que tiveram contato com integrantes da família Mayfair. O início não é tão intrigante, os relatos em questão são direcionados por Adam, um integrante de uma ordem chamada Talamasca, que reúne histórias sobrenaturais, como as da família Mayfair, entre outras.

O incrível é que a ordem não é vinculada a nenhuma religião, mas abrange breves descrições de várias partes envolvendo elementos paranormais. Na história vai sendo cada vez mais curioso como o sobrenatural sempre cerca a família, e como sempre tem uma figura que aparece próximo das mulheres Mayfair. Ninguém que as acompanha de longe sabe ao certo o que elas são, seus poderes, ou a dimensão deles, mas é certo que o sobrenatural sempre se faz presente.

Para chegar a uma conexão entre Nova Orleans, Michael, Aaron e Rowan leva bastante tempo, mas era isso que me motivava a ler mais. Quando essa conexão acontece, já conhecemos bastante sobre as raízes que envolvem os principais pontos da família Mayfair. O objetivo em questão é saber mais sobre os poderes, o papel de Rowan e Michael nisso, já que ele parece diretamente ligada a protagonista, e entender como esse ser misterioso pode ser  desvinculado, ou entendido melhor.

O trabalho em desenterrar histórias foi uma das coisas que mais admirei neste livro, mas isso acabou me surpreendendo ainda mais ao ver que a autora iria abranger uma quantidade enorme de integrantes da família Mayfair, e de sua árvore genealógica em busca de entender onde tudo se originou. Nem tudo acaba sendo interessante, mas a curiosidade nos instiga a continuar.

O livro tem sua maior parte do foco em ficção e relato histórico. A ideia da história também é uma ficção sobrenatural, e isso Anne Rice sabe muito bem como conduzir. Os traços sobrenaturais são mencionados desde o início, mas fica mais sombrio a cada nova versão, e a cada novo relato que envolve a família. Em alguns momentos cheguei a ficar bastante perturbada, especialmente nas histórias envolvendo o passado dos integrantes, da interação estritamente íntima entre os parentes.

O livro tem partes tanto assustadoras quanto perturbadores. Fiquei balançada nesses dois aspectos, de maneiras diferentes. Em um deles, a descrição de figuras sobrenaturais influenciando a matéria e as ações das pessoas acabam descrevendo situações de desestabilizar alguém. E quanto aos trechos perturbadores, a naturalidade com que são descritos, acabaram me deixando enojada, principalmente por alguns relatos se repetirem a cada nova geração, perpetuando algo inaceitável.

Esses são livros enormes, eles focam bastante nos protagonistas, mas são divididos também relatos sobre o passado para contextualizar o presente. A história tem romance, e isso cria um aspecto mais tranquilo que equilibra as tensões ao longo do livro. A nova edição que junta os dois livros da série é incrivelmente linda, fica perfeita na estante, mas acaba sendo um tanto desconfortável para ler devido a letra pequena, e o peso dele.

Acabei demorando muito para ler o livro pelos capítulos serem extremamente densos, e senti que a história se arrastou bastante. Fiquei instigada, mas parava para respirar porque algumas cenas mexeram comigo de uma forma ruim. Também passei bastante raiva com a protagonista, por um tempo pensei realmente que ela seria crítica e lógica, mas em alguns momentos ela pareceu bastante impetuosa e imprudente. Os livros tiveram momentos bons, e tenho mais alguns da autora na lista. Depois de terminar, não esperava que a história teria continuação, mas a necessidade de respostas me deixou aliviada em saber que podemos encontrar mais informações sobre o desfecho em Lasher, uma história de uma das figuras mais importantes de As Bruxas Mayfair.

ADQUIRA SEU EXEMPLAR NA AMAZON: