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[RESENHA] Ring Shout: Grito de liberdade


Olá, leitores!

Páginas: 176 | Autor: P. Djèlí Clark | Editora: Darkside | Ano: 2022 | Gênero: Ficção, Terror, Horror Cósmico | Classificação indicativa: +16

Só que eu não sou mais aquela garota assustada. Eu caço monstros, eles não me caçam. Então, vou fazer algo realmente corajoso ou estúpido.

Nos últimos meses, tenho iniciado leituras sem saber muito o que esperar. Procuro ler pouco sobre para que a obra possa me surpreender mesmo que isso nem sempre aconteça de forma positiva. Fiz o mesmo com esse daqui. Comecei a ler bem lentamente esperando algo bem histórico, sem o toque do sobrenatural ou fantasioso, uma narrativa de um triste passado mas me surpreendi. Apesar de ser sim uma narrativa que envolve um passado bem sombrio da humanidade, o autor conseguiu utilizar do terror e da fantasia em sua narrativa, tornando a obra uma ótima leitura ao misturar elementos reais com um horror cósmico, criando uma metáfora maravilhosamente bem escrita.

Garota, cada escolha que fazemos é um novo amanhã. Mundos inteiros esperam para nascer.

A curta história se passa em meados dos anos 1920, onde o preconceito toma conta das ruas vestido de branco e tem como ponto de partida uma nova exibição do polêmico filme "O nascimento de uma nação", que basta uma pequena pesquisa para entender o motivo de ter sido escolhido como ponto de partida para várias catástrofes da obra. Mas falando de forma bem resumida, o filme mostra negros na era da Guerra Civil (na verdade, atores brancos utilizando do blackface) como pessoas ignorantes, estupradores e depravados, principalmente com relação as jovens mulheres brancas que têm as suas honras defendidas pelos cavaleiros de branco da Ku Klux Klan.

Ele diz que Cânticos como esse são os mais poderosos; Cânticos de sobrevivência aos tempos de escravidão, de oração por liberdade e um pedido para Deus acabar com aquela maldade.

No começo da história, fiquei um pouco confusa com a narrativa. Achava que os membros da KKK eram apenas humanos mas pouco depois na leitura, entende-se que na verdade, além dos membros humanos, eles também possuem membros monstruosos, com várias bocas e seis olhos, atuando ao seu lado e que são conhecidos como Klus.


"Vovô contava histórias", Sadie diz. "Não eram de animais falantes. Eram de luzes endemoniadas, bruxas do rio e pessoas que podiam voar. Ele dizia que as pessoas escravizadas trazidas da África tinham asas, mas os brancos cortaram para que não pudessem voar de volta para casa. Quando eu era pequena, ele dizia que minha mãe voou uma vez desse jeito. Levei um tempo para perceber que ele quis dizer que ela fugiu."

Uma das coisas que mais amei no livro foi a sua protagonista Maryse, uma jovem negra com um passado cheio de tristeza e arrependimento que deseja esquecer. Dona de uma espada mágica de espíritos ancestrais que tiveram destinos trágicos, ela sai para caçar Klus e em busca de uísque para contrabandear em plena lei seca junto de duas mulheres igualmente fortes, Sadie que é uma atiradora e Cordy que é especialista em explosões. O livro mostra muito sobre como o ódio atrai ódio, já que a perseguição injustificada aos negros causa grande revolta dos mesmos que retribuem o ódio, como é de se esperar.

É isto: os membros Klans simplesmente deixam esse mal entrar neles e os devorar até ficarem ocos por dentro. Restando apenas os demônios brancos como ossos que não se lembram mais como era a forma humana.

A narrativa é envolvente, contendo muitos personagens secundários extremamente cativantes, como a Nana Jean que é uma mulher com dons mágicos e uma figura materna para Maryse. Admito que li o livro em um dia e fiquei bem triste quando terminou. Ele facilmente poderia ser maior, principalmente porque senti muita curiosidade com relação a origem da espada mágoca e a figura das três senhoras misteriosas que auxiliavam Maryse em outro plano. É um livro forte, pesado e sangrento, que utilizou utilizou de eventos reais junto de elementos de terror e fantasia para criar uma maravilhosa metáfora de horror cósmico que merece os prêmios que recebeu, mas que pode conter gatilhos para leitores mais sensíveis, como: racismo, violência extrema, machismo, utilização de armas e claro, as descrições de ações dos monstros Klus que se assemelham ao canibalismo. O livro é bem fechado mas se o autor quiser, pode facilmente continuar a história de onde parou, o que seria incrível. De longe, uma das melhores leituras que tive esse ano.


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5 comentários:

  1. Oi
    que bom que gostou da leitura, não conhecia esse livro e nesse eu me interessei e parece ser uma leitura rápida por ter poucas páginas, que bom que gostou da protagonista da história.

    http://momentocrivelli.blogspot.com/

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    Respostas
    1. Oi, tudo bem? Adoro horror cósmico. Este aí parece ótimo, né? Que bom que curtiu a obra. Abraço!


      https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/

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  2. Nossa, achei super diferente esse livro. Pelo menos, bem diferente do que costumo ler. Deve ter passagens bem angustiantes e achei interessante essa mescla de fatos reais com fantasia, terror e afins. Saber que a história é fechadinha torna tudo melhor ainda.

    =)

    Suelen Mattos
    ______________
    Romantic Girl

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  3. Olá, este não é o tipo de livro que estou acostumada a procurar para ler, mas pela sua resenha pareceu bem interessante para tentar uma leitura diferente. ♥
    Bjos, Val

    https://www.namoradanerd.com.br

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  4. Esse livro eu ainda não conhecia. Mas realmente é uma leitura bem forte e que precisa de muito estômago para ler a obra e conseguir chegar até o final. Eu não sei se leria, por conta dos gatilhos, mas fico feliz que tenha valido a experiência.
    Bjks!

    Mundinho da Hanna
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