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[RESENHA] A Casa no Mar de Cerúleo

 

Olá, leitores!

Páginas: 384 | Autor: TJ Klune | Editora: Morro Branco | Ano: 2022 | Gênero: Fantasia | Tradução: Lígia Azevedo | Classificação indicativa: +14

Às vezes, nossos preconceitos influenciam nossos pensamentos quando menos esperamos. Se formos capazes de reconhecer isso e aprender com isso, podemos nos tornar pessoas melhores.

Linus Baker é um assistente social e trabalha para um departamento de crianças mágicas. Ele fiscaliza orfanatos para ver as condições atuais, além de dar recomendações se as instituições devem ou não continuar abertas. Ele leva seu trabalho bastante a sério, segue uma rotina à risca e se considera um cidadão exemplar.

Sua carreira é íntegra, e como tem um grau de distanciamento do trabalho que faz, é convocado para fiscalizar um novo orfanato, considerado confidencial. Dessa vez, Linus terá que sair de sua rotina para passar um mês em uma ilha tropical, com um mar cerúleo. Ele leva consigo sua gata, Calliope, e não imagina o que está por vir.

As surpresas começam quando toma conhecimento dos moradores do orfanato, não se tratam apenas de crianças mágicas, elas têm naturezas diferentes, e para Linus, que nunca conheceu nada assim, o espanto chega a assustá-lo bastante. Ele é um homem com medo do desconhecido, que infelizmente também reflete a reação de boa parte da sociedade diante dos habitantes da ilha. Eles ainda são crianças, mas passam uma imagem diferente pela sua natureza e não por quem são.

O choque de conhecê-los leva Linus a ser desagradável em alguns momentos, com algumas falas que insinuam julgamentos. Porém a estada na ilha irá lhe mostrar outras coisas, como a realidade das crianças, a sensibilidade do diretor do orfanato, Arthur, e possibilidades que o protagonista nunca pensou em cogitar.

Devido aos anos trabalhando em sua divisão, Linus tem pensamentos distantes, e suas ideias são baseadas naquilo que aprendeu segundo o sistema. É uma obra maravilhosamente ambientada, o protagonista parece sempre ter uma resposta pronta, como se não se permitisse pensar contra o sistema, porque acredita cegamente no governo, que é uma lógica palpável, já que quem governa a sociedade fez tais leis.


O fato é que Linus não se questiona se algo pode estar errado acerca do que conhece, e seu espanto em conhecer novas perspectivas é algo ensaiado, exatamente o que se espera de quem prefere aceitar do que perguntar. As questões duvidosas acerca do tratamento envolvendo crianças mágicas oferece buracos desde as primeiras páginas, como avisos evidenciando que elas são diferentes e por isso precisam ser monitoradas. Nesse caso especial, onde o orfanato em destaque será fiscalizado, a situação é ainda mais delicada, porque elas são julgadas e nem ao menos as pessoas ligam para quem realmente são.

Tais falhas são evidentes, mas o olhar de Linus ainda é fosco demais, e pode prejudicar a atual morada dos personagens, que pode ser fechada a qualquer momento. As crianças são diferentes e incríveis. E não digo apenas de forma superficial. Elas têm arcos tão formidáveis que é maravilhosamente fácil se emocionar e se apegar. A natureza delas só as tornam ainda mais interessantes, elas são um exemplo clássico de como as pessoas que as julgam não as conhecem porque elas podem trilhar o próprio caminho e serem diferentes do que se espera.

As coisas que mais tememos muitas vezes são as que menos devemos temer. É irracional, mas é o que nos torna humanos. E se formos capazes de vencer nossos medos, não haverá nada de que não seremos capazes.

Para falar a verdade, de todos os personagens já apresentados no livro, elas são as mais humanas, e com sentimentos mais puros, o companheirismo é sempre presente, e por mais que sejam diferentes entre si, não as tornam inferiores umas das outras, cada uma se fortalece, e dá para ver que são uma família maravilhosa. O autor tira toda aquela noção de um lugar triste e transforma a casa em um lar, graças às pessoas que vivem ali.

O diretor do orfanato é um dos grandes responsáveis pelo lugar ser tão maravilhoso. Arthur é paciente, tolerando a pressão exercida pela situação e tratando Linus da maneira mais gentil possível. Ele poderia muito bem ser hostil com o protagonista, que está lá para decidir se o lugar continuará aberto ou não, mas tem uma conduta diferente, preservando o sentimento de aceitação, para que Linus se sinta bem recebido.

O livro tem várias camadas que são bem elaboradas. O aprendizado que se tem ao longo da leitura é repleto de carinho. O livro fala sobre amor, amizade e um lugar que possa ser chamado de lar. O protagonista passa por momentos que poderão moldá-lo, e ele precisará fazer suas escolhas, por mais difícil que seja. É uma história tão linda que pode ser apreciada por todos. Eu escolheria esquecer o livro e ler novamente todas as vezes, só pelo prazer de me emocionar repetidamente.

Dificilmente encontramos histórias tão confortáveis para se estar, que transmite sentimentos bons, mesmo falando de assuntos profundos. O livro tem suas maneiras de encantar, e ainda conta com um romance LGBTQ+ sutil, porém emocionante. Se eu pudesse escolher uma história para viver dentro, A Casa no Mar de Cerúleo seria uma das primeiras escolhas.


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2 comentários:

  1. Oi, Leyanne. Como vai? Parece um livro incrível, né? Fiquei com enorme vontade de conhecer essa história mais de pertinho. Que bom que curtiu. Abraço!


    https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/

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  2. Oi Leyanne, tudo bem?
    O livro passa desde a capa uma atmosfera confortável e parece que é isso mesmo pela sua resenha. Já adicionei nos meus desejados no Skoob e espero ler em breve. Adoro livros assim.

    Até breve;
    Te espero nos meus blogs!
    Mente Hipercriativa (Livros, filmes e séries)
    Universo Invisível (Contos e Crônicas)

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