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[RESENHA] Trem-Bala


Olá, leitores!

Páginas: 464 | Autor: Kotaro Isaka | Editora: Intrínseca | Ano: 2022 | Gênero: Policial, Suspense e Mistério | Tradução: André Czarnobai | Classificação Indicativa: +14

Desde quando assisti ao trailer de Trem-Bala que fiquei interessada pela trama. Na época eu não sabia que o filme era uma adaptação literária mas por sorte, por conta do meu trabalho acabei ficando com preguiça de assistir ao filme. Mesmo assim, continuei interessada na história até que coincidentemente fiquei sabendo de um título de mesmo nome da Intrínseca e ao ler a sinopse, percebi que era o livro no qual o filme foi adaptado. Empolgada, já dei um jeito de conseguir o livro e tenho que admitir que ele acabou sendo melhor do que eu esperava.

O trem-bala chamado Shinkansen, que sai de Tóquio com destino à cidade de Morioka tem seis paradas até chegar ao seu destino. Logo de início, conhecemos Kimura, um ex-alcoólatra de atitude suspeita que embarca no trem. Ele parece estar em busca de Satoshi, um adolescente de 14 anos mais conhecido como Príncipe, para vingar seu filho Wataru, um garotinho que está em coma no hospital após cair do telhado de uma loja, empurrado pelo adolescente. 


O Príncipe adora fazer isso, mexer com os sentimentos das pessoas, lançar palavras feito garras sobre elas. Fortalecer o corpo é fácil, mas desenvolver resistência emocional é bem difícil. Mesmo se você se considera uma pessoa tranquila, é quase impossível não reagir quando se é alfinetado.


Logo depois dele, conhecemos Nanao, conhecido como Joaninha. Um cara azarado que embarca com um trabalho aparentemente simples para realizar. O problema é que Nanao é simplesmente o cara mais azarado que se pode imaginar. Mesmo em seus trabalhos mais simples, tudo o que poderia dar errado na execução, vai acontecer e isso não é algo que rola apenas no âmbito profissional como também no pessoal. Por conta disso, ele já anda mais do que preparado para todos os tipos de infelizes eventualidades que possam acontecer. Ele tem apenas que pegar uma mala no bagageiro do trem e sair na primeira parada, Ueno. Mas como era de se esperar, nada para ele é fácil.


Um homem que a Srta. Sorte costuma esnobar não tem outra escolha a não ser estar preparado. É por isso que Nanao está sempre com sua pochete mil e uma utilidades.


Por fim, temos Limão e Tangerina, uma famosa dupla de assassinos de aluguel bastante conhecida por sua violência ao executar seus trabalhos e que sempre trabalham juntos. Muitos acham que os dois são irmãos, já que são parecidos, porém eles não poderiam ser mais diferentes. Enquanto Tangerina é um cara inteligente, calculista e culto, que adora usar trechos dos livros que leu em seus diálogos, Limão possui um intelecto mais infantil, sendo um grande fã de Thomas e seus amigos, um programa infantil, usando seus personagens e episódios para referenciar acontecimentos e pessoas. Os dois embarcaram no trem-bala após resgatarem o filho de um dos maiores e mais violentos figurões do crime, o Sr. Minegishi, que havia sido sequestrado e mantido como refém.

O problema é que mesmo após o rastro de sangue que deixaram para trás ao salvar o garoto junto de sua mala, os dois acabam se vendo com o cadáver do adolescente que foi misteriosamente assassinado (sem ferimento aparente para descobrirem a causa do óbito) enquanto estava sob seus cuidados como também sem a mala, que havia sido roubada. Com medo da famosa fúria que acompanha o nome de Minegishi, já que seu primogênito estava agora morto, eles precisavam encontrar uma forma de sair dessa confusão com vida. 


(...) chorar pelo leite derramado não vai me trazer nada de bom. Só estou tentando viver como se estivesse vivo.


Apesar de ter vários outros personagens, a trama gira em torno desses. Conforme os fatos vão se desenrolando, percebemos que todos os personagens estão conectados, tanto por coincidências bizarras quanto pelos seus passados. Gostei demais da ideia de um trem-bala com vários assassinos dentro com objetivos distintos que acabam se encontrando.

As partes voltadas para Limão e Tangerina são de longe as melhores. Toda a interação deles é divertida e me lembrou muito o antigo desenho de Pinky e o Cérebro. É possível perceber que eles trabalham juntos não apenas por serem compatíveis no quesito "profissional" mas também por serem próximos como irmãos mesmo, apesar de que eles nunca admitiriam isso. Tangerina é, no geral, calmo e racional enquanto Limão passa a impressão de ser um bobão, o que não é de todo o caso, visto que em muitos momentos podemos perceber que ele é mais inteligente do que aparenta ser e que apenas raciocina de uma forma um pouco diferente dos outros. Os dois se entendem totalmente, o que deixa claro o motivo de serem tão eficientes ao realizarem seus trabalhos.

Quando Limão perde a mala do filho do Minegishi e ao voltarem de sua busca pelo bagageiro, o rapaz aparece morto em seu assento, Tangerina chega próximo de surtar enquanto Limão aparenta não perceber a gravidade do ocorrido. Os dois conhecem bem a fama violenta de Minegishi quando as coisas não saem como esperado, então é de se imaginar que não sairão com vida após o trem parar e o primogênito dele ser encontrado morto e sua mala desaparecida.

Nanao só tinha que roubar a mala de alguém desconhecido e sair do trem, mas ele já imaginava que nada seria tão simples, principalmente quando deu de cara com Lobo, um antigo desafeto do ramo em que trabalha que o impede de sair do trem e que ele, por acidente, acaba matando. Quando esconde o corpo de Lobo e vai atrás da mala para sair na parada seguinte, percebe que ela desapareceu. Nanao é extremamente azarado já que todos os imprevistos possíveis acontecem quando ele tenta resolver as suas pendências. Por estar acostumado a isso, ele anda preparado com truques que possam lhe ajudar a fugir de eventuais problemas ou ao menos atrasar o inimigo.

Se não bastasse, Kimura se vê refém de um algoz de 14 anos responsável por deixar seu filho em coma sem previsão de acordar. De mãos atadas, sabe que não pode simplesmente fugir ou matar o garoto já que seu filho poderia sofrer as consequências.

A narrativa de Trem-Bala é fluída e divertida. Os personagens conseguem ser engraçados até nos momentos mais sérios e isso faz a leitura ser ágil. Limão e Tangerina são o ponto alto da trama, seguidos por Nanao. Todos os personagens se encontram em determinados momentos e é difícil de saber quem vai sair vivo no final de tudo. O único ponto que não me agradou tanto foi justamente os capítulos focados em Kimura e no Príncipe. O personagem do Príncipe é chato, o típico adolescente que se acha dono da razão, só que aqui é tudo ainda pior já que ele tem um ego enorme, se achando não apenas superior a todos mas também intocável por acreditar que as coisas sempre vão de acordo com o que deseja, se considerando sortudo. O que difere o Príncipe de outros adolescentes é que ele é cruel e manipulador. Por ser um rapaz pequeno e aparentemente frágil para alguém de sua idade, com traços mais delicados e femininos, muitas vezes se safa das coisas, não poupando esforços para conseguir "munição" a fim de manipular e torturar seus alvos. 


— Às vezes, uma mentira que não engana uma criança funciona melhor com um adulto.


E, assim, o Príncipe é realmente muito inteligente e acredito que a sua narrativa poderia ter sido muito mais interessante do que foi, o problema é que o autor passou muito tempo tentando mostrar ao leitor que o personagem era o total oposto de sua aparência, o que não era necessário e acabou tornando o personagem bem prolixo, já que nos primeiros capítulos com ele, percebemos que o garoto é uma pessoa sádica e perigosa. Ainda assim, vários capítulos são de divagações repletas de superioridade do Príncipe a respeito de como todas as pessoas são iguais e que por isso ele consegue manipulá-las, e Kimura relembrando os diversos episódios de violência do adolescente que ele mesmo presenciou.

Essas partes acabam sendo pequenas barrigas que deixam o desenrolar dos fatos mais lentos, contrastando com o restante da trama que é bem ágil. Acredito que pelo menos metade dos capítulos entre Príncipe e Kimura poderiam ter sido reduzidos, o que é uma pena já que percebi que isso fez muita gente desgostar da obra.


Para ele, aquilo era como espremer pessoas para beber o suco que escorre delas. Não havia nada mais doce em todo o mundo.


Entretanto, mesmo com essas partes lentas, a história vale muito a leitura, sendo uma obra divertida, rápida, violenta e repleta de humor ácido. Nenhum personagem aqui pode ser considerado respeitável, mas a grande maioria detém um carisma tão grande que acabamos gostando deles.

Ainda não assisti ao filme para poder comparar o enredo dos dois, mas pretendo fazer o quanto antes e se quiserem, trago uma comparação entre eles.

____
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4 comentários:

  1. OI! A ideia da história se passar nesse trem e com personagens tão peculiares, soa bastante interessante. Eu não conhecia o livro e nem o filme, mas quero conhecer a história nessa versão escrita. Bjos!!
    Moonlight Books

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  2. Oi, como vai? Parece interessante este livro. Que bom que curtiu a história. Abraço!


    https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/

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